A cidade onde seus algozes são também as suas vítimas
“Uma cidade não tem dono. Uma cidade não tem um responsável, uma cidade é um ser vivo, que vive a história escrita por seu povo.”
Goiânia não tem dono, mas talvez seria bom se tivesse. Na verdade criticar alguém pelos desmandos é mais fácil do que admitir uma omissão coletiva.
Nas contradições dos seus paradigmas Goiânia caminha para os seus 82 anos, cheia de energia, com uma cara moderna e uma sede de cultura. Na prática, muitas destas vontades estão sendo realizadas aos trancos e barrancos.
Em Goiânia, um painel lindíssimo pintado num Centro Cultural só ganha a mídia quando corre o risco de ficar por lá. Em Goiânia, o fisco quer taxar os eventos nos ingressos ao invés de ganhar com tudo aquilo que um evento cultural promove. Aqui o promotor de eventos é um arruaceiro, que tem que se explicar o tempo todo como “de costume” com o “Ministério Público” e também com alguns vizinhos juízes. Nesta cidade festiva, capital do rock, do sertanejo e do gospel, realizar um evento cultural ainda é um risco eminente.
Goiânia, sua linda, agora descobre as bikes. Mas ainda sofre com milhares de camionetas que tiram “fino” nos ciclistas equilibristas em ciclovias mal dimensionadas. Será que é proibido fazer as ciclovias nas ruas adjacentes?
Goiânia, sua linda, com seus milhares de shopping centers assassinos, que promoveram o Centro à condição do ostracismo. Nem as garotas de programa sobreviveram no Centro. Restaram apenas…
Oh…Goiânia, capital das mulheres bonitas e bem decoradas.
Capital que abriga milhares de empresários, ávidos por um imposto a menos e por uma contribuição a menos. Críticos ausentes de uma atitude sustentável de verdade.
Não! Nesta capital quem movimenta a sustentabilidade é o setor imobiliário, com Nexus e sem Nexo.
Mas não há crítica que sobreviva à nossa omissão. O Facebook não é terra de manifestação, é ponto de encontro passageiro. E eu não vou ficar aqui de cobrador.